domingo, 27 de outubro de 2013

Desde o começo Mates Burilados: minha pesquisa


O interesse pelo estudo da poética da cabaça está ligado à busca em compreender, desvelar e valorizar artistas e a arte latino-americana contemporânea, a partir da arte apresentada na primeira década do século XXI e do acervo do Pavilhão da Criatividade no Memorial da América Latina em São Paulo. Nesse espaço expositivo onde as obras artesanais, possuem um cunho tradicional dos "povos testemunhos", transmitido de geração em geração e estabelece relações entre as diversas culturas existentes em nosso Continente.
Ao observar uma cabaça percebe-se que a poética está no encantamento táctil ao segurar-la em seu estado natural. Um fruto que proporciona um intercâmbio entre a casca acariciada e as mãos humanas que a seguram. Esta poética é encontrada nas relações e semelhanças do fruto com os seres humanos. Desde a forma variada, ambígua e circular deste fruto, de sua presença histórica global e cultural, que acompanha os mais diversos povos ao longo dos tempos.

A cabaça é representada nas  mais variadas formas de expressão artística: desenhos, pinturas, esculturas, literatura, versos e “causos”, cinema e teatro. Sugere sua forma para outros materiais, como para a cerâmica, a madeira, o vidro, a porcelana, os metais e até mesmo, bolhas de sabão.

O fruto se torna meio de expressão e comunicação, através de uma arte narrativa, denominada “mate burilado”. Livros circulares são criados a partir da arte de rendilhar imagens e, ou palavras, na casca da cabaça. As imagens tatuadas revelam, documentam e transmitem histórias, sonhos e cultura da nação Wanka ou Huanca na Serra Central do Peru.

Ao analisar a fruição, deste mundo que se fez invisível e que parece não ter fronteiras, principalmente nas manifestações artísticas coletivas e sociais, apropriei-me de um fruto que está vinculado à origem do universo, do homem, do imaginário e considerado um fruto globalizado. Um fruto que acompanha a humanidade até os dias atuais e adquire valor especial, quando associado a outros elementos.

O Pavilhão da Criatividade cuja forma é de uma lua crescente, no Memorial da América Latina em São Paulo, Brasil, mais de 4000 obras pulsam a partir de gestos e simbología de artistas latino-americanos em busca de reconhecimento e valorização.